quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

PAPAI NOEL, SÃO NICOLAU E A COCA-COLA

Olá pessoal!

Está chegando o final do ano e com ele os festejos natalinos, e por falar em Natal, não poderíamos deixar de abordar uma figura histórica referente a este período do ano: o PAPAI NOEL. Várias versões e relações são criadas, recriadas, contadas e estabelecidas sobre o surgimento desta lenda natalina. Ao longo da pesquisa realizada para esta postagem pude perceber que o processo de criação deste relevante personagem natalino, tal qual o conhecemos nos dias atuais, tem estreita relação com religiosidade, tradição e o sistema capitalista.

São Nicolau
A história do Papai Noel, embora alguns religiosos rebatam esta tese, tem relação com São Nicolau, santo da Igreja Católica. Vejamos um trecho de uma hagiografia, uma espécie de biografia dos santos produzida pela Igreja Católica na Idade Média:
Nicolau nasceu no ano de 270, na cidade de Patara, no sul da atual Turquia, na Ásia Menor. Os seus pais eram cristãos devotos e, desde crianças, ele mostrou-se um predestinado. Ficou órfão muito jovem e decidiu usar sua herança em obras de caridade. Andou em peregrinação pela Terra Santa e pelo Egito e, quando voltou à terra natal, tornou-se o bispo de Myra. Foi exilado em 303, quando a religião católica foi proibida ali. Morreu em 343 e foi enterrado em Myra.
Conta-se que Nicolau dedicou sua vida à caridade e aos atos de benevolência, muitos deles conhecidos. O mais famoso é o episódio em que ele salvou três irmãs muito pobres, que não podiam se casar porque o pai não tinha como pagar, os seus dotes. Sem o casamento, naquele tempo, as mulheres perderiam sua honra. Nicolau deu a elas uma oportunidade de ter uma vida digna, atirando, de noite, três sacos com ouro suficiente para os dotes de cada uma das moças. Essa história ganhou várias versões diferentes, o que a transformou em lenda.
Em razão de seus atos, depois de morto, passou a ser honrado, venerado e reconhecido como santo milagreiro. No final do século XI, suas relíquias, consideradas miraculosas, foram transportadas por um grupo de mercadores italianos para a cidade de Bari, na Itália, onde até hoje há um santuário, que virou local de peregrinação.
São Nicolau foi nomeado padroeiro das crianças, dos estudantes, dos marinheiros, dos solteiros e da Rússia. Criou-se a tradição de, no dia 6 de dezembro, dedicado ao santo, dar presentes às crianças, seguindo o seu exemplo. (MAGALHÃES, Gustavo Celso; HERMETO, Miriam. Coleção Pitágoras. 2010)


Representação de São Nicolau.
Nesta imagem ele já aparece mais velho e pela roupa que usa nos leva a acreditar
que já desempenhava a funçãode bispo católico.
Repare como suas características físicas já
possuem uma semelhança com a imagem atual do Papai Noel.
Diante disso, devemos nos apegar principalmente ao fato de que o ato de caridade de Nicolau em relação às três meninas apontadas pelo texto, se tornou uma tradição, a de dar presentes no dia dedicado ao santo. Anos mais tarde esta tradição foi transferida para o Natal. No entanto a fama de Nicolau foi ganhando ao longo dos anos uma proporção grandiosa, como nos mostra o texto abaixo:
Na Europa, o culto a São Nicolau só cresceu depois do século XI, espalhando-se enormemente. Ele passou a ser considerado o patrono da Rússia e várias igrejas foram criadas em sua homenagem, pelo mundo cristão. Na Alemanha, manteve-se a tradição de dar presentes no dia de São Nicolau. Com o tempo, sua imagem passou a ser associada às festividades de Natal, que se transformou em uma festa famosa e popular. E a lenda do bom homem que distribuía presentes natalinos cresceu mundo afora, assim como o hábito de trocar presentes.
Mas, parece, foi nos Estados Unidos, a partir do século XIX, que são Nicolau começou a ser associado à lenda do Papai Noel. Foi ali que se construíram as características do Noel que o mundo ocidental mais conhece hoje. Como toda lenda, essa pode ter sido construída por vários caminhos e tem muitas versões. Mas um desses caminhos é conhecido atualmente.
Em 1822, Clement C. Moore escreveu um poema para seus filhos, chamado “A Visit from St. Nicholas” (Uma visita de São Nicolau). Ele narrava a história do velhinho que passava em um trenó puxado por renas e entrava nas casas pelas chaminés.
O primeiro desenho retratando a figura do Papai Noel como conhecemos nos dias atuais foi feito por Thomas Nast e foi publicado na revista Harper’s Weekley, na edição especial de Natal do ano de 1866. O desenho retratava o bom velhinho com bochechas rosadas, uma vestimenta marrom e uma coroa de azevinhos (um tipo de planta usado nas decorações natalícias) na cabeça. Observe abaixo, como o Papai Noel feito por Thomas Nast, já apresentava características físicas bem semelhante ao da atualidade.
Papai Noel criado por Thomas Nast.

A última característica incluída na figura do Papai Noel é sua blusa vermelha e branca. Essa imagem se popularizou de vez, depois do uso que a Coca-Cola fez dela em suas propagandas.
O produto já existia desde o final do século XIX, e era vendido, incialmente, em farmácias. Por volta de 1930, a empresa fez uma campanha, em busca de um público mais jovem. Contratou um desenhista que recriou o Papai Noel: um velhinho gorducho, com um sorriso simpático e vestido com as cores da marca da Coca-Cola.
Na segunda metade do século XX, a Coca-Cola só cresceu, tornando-se conhecida e consumida no mundo inteiro. Com ela, a imagem do velhinho de vermelho circulou pelo mercado global e, praticamente, tornou-se a imagem oficial do Papai Noel. (MAGALHÃES, Gustavo Ceslso; HERMETO, Miriam. Coleção Pitágoras. 2010)
Papai Noel criado pela Coca-Cola.

Diante de tudo, segue a discussão sobre o impasse daqueles que defendem que o Papai Noel deve ser considerado um símbolo da cultura natalina e daqueles que o julgam como um ícone do sistema capitalista que representa apenas o consumismo. No entanto, ao darmos uma conferida na História e no processo de criação deste polêmico e porque não dizer, controverso personagem, veremos que no fundo, lá em sua essência original, ele possui um pouco dos dois, da religiosidade pelo fato de que a sua principal ação, a de dar presentes às crianças, está ligada a uma tradição católica, esta fruto da caridade feita por São Nicolau e também do consumismo, já que com o advento do sistema capitalista, dar presentes, se tornou sinônimo de comprar presentes, ou seja, consumir, pelo menos é essa conotação que o comércio tenta nos impor em todo período natalino.
Ficamos por aqui, um forte abraço e um ótimo Natal a todos!