quarta-feira, 20 de abril de 2011

PROCISSÃO DO FOGARÉU DE SERRINHA/BA: oito décadas de fé e caminhada.


A Semana Santa é o período mais importante da fé cristã, e com ela brota ao longo do processo histórico um conjunto de práticas, ritos e tradições que compõem um riquíssimo legado cultural. Sendo assim, é com imensa satisfação que trago para a nossa postagem da semana uma imagem de cunho regional. Dentre os diversos ritos que compõem a Semana Santa, não poderia deixar de destacar aquele que é mais tradicional no município de Serrinha/BA, a “Procissão do Fogaréu”.
Introduzida pelo padre Carlos no início da década de 30, como rito oficial das atividades relacionadas à semana santa da Igreja Católica serrinhense, o Fogaréu costuma reunir milhares de pessoas não só da cidade, mas de outras localidades, que juntas procuram relembrar e/ou reviver a captura de Jesus Cristo nos Jardins das Oliveiras, após a traição do apóstolo Judas.
Neste ano de 2011, a Procissão do Fogaréu completa 81 anos de fé e caminhada.
A fotografia acima é da procissão. Embora eu não tenha conseguido precisar o ano em que foi tirada, credito-a a década de 70. Um dos fatores que me faz acreditar nisso é a presença exclusiva de homens no evento, tradição que se manteve nos primeiros cinquenta anos. Somente na década de 80 é que as mulheres puderam fazer parte da procissão.
Além da presença generalizada dos homens, podemos destacar a diversidade de classes sociais presentes na procissão, e de fato isso se reafirma com os escritos sobre este evento, que salvaguardam a participação de camponeses, citadinos, políticos, comerciantes, dentre outros. Se estabelecermos uma comparação com a procissão atual, chegaremos a conclusão de que esta é ainda mais democrática, não somente pelo simples fato da inclusão do elemento feminino, mas sobretudo, pela participação maciça das diversas camadas sociais serrinhenses, turistas e até mesmo de membros de outras religiões.
Outro aspecto interessante refere-se a presença de tochas com velas acesas nas mãos dos fiéis, o que nos remete a simbologia dos instantes da captura de Jesus, aonde os soldados que o procuravam, iluminavam a passagem da coluna militar com tochas. Aliás esta simbologia  é contestada pelo escritor e jornalista Tasso Franco, em seu livro "Serrinha: A colonização portuguesa numa cidade do sertão da Bahia", ele afirma que “cada comunidade interpretou ao seu modo essa simbologia, e o fato dos fiéis conduzirem tochas acesas durante a procissão, representa uma espécie de vigília em louvor a Cristo, uma reverência de luz, de paz espiritual".
Uma curiosidade que merece nossa ressalva é o fato de que antes as tochas eram confeccionadas de forma artesanal, produzida e vendida nos “dias santos” por famílias de religiosos da cidade. Já nos dias atuais este papel é suplantado pela prefeitura municipal, que devido ao caráter turístico que ganhou o evento, se encarrega de mandar confeccionar e padronizar as tochas que são distribuídas gratuitamente antes da procissão.
Diante do que foi exposto, podemos afirmar que  a Procissão do Fogaréu é um dos ritos culturais mais ricos da história de Serrinha, e que nos remete à forte colonização portuguesa vivenciada por aqui e como qualquer outro ato tradicional, perpassou por vários contextos históricos diferentes e que por naturalidade absorveu os valores vividos em cada época, cabendo neste caso, ao historiador analisar minuciosamente as fontes disponíveis que irão conduzi-lo a uma boa interpretação.
Bom... para finalizarmos, deixo algumas imagens tradicionais dos ícones religiosos católicos da cidade de Serrinha/BA, relacionados a "Semana Santa":

Encenação da Santa Ceia, na Procissão do Fogaréu - Serrinha/BA.

Capela da Santa (Senhora Santana, padroeira de Serrinha),
destino da Procissão do Fogareú - Serrinha/BA

Fiéis com as tradicionais tochas durante a Procissão do Fogaréu - Serrinha/BA


Igreja Matriz Velha, datada de 1780 - Serrinha/BA
(Ainda hoje é o local de saída da Procissão)


Catedral da Diocese de Serrinha/BA

Forte abraço!


domingo, 10 de abril de 2011

A SIMBOLOGIA COMUNISTA


Para a análise desta semana, trago um dos símbolos mais famosos da história da humanidade: o do Comunismo.
Poucas vezes na história um símbolo representou tão bem uma ideologia e poucos são os símbolos constituídos de tamanha força ideológica!
Sendo assim, devo deixar claro desde o início que a minha intenção aqui não é defendê-lo ou recriminá-lo, o que daria uma ótima discussão, mas isso fugiria da proposta do blog.
Pra começar, devo registrar que o símbolo comunista fora utilizado pela primeira vez, em 1923 na Rússia. Ele estampara a nova bandeira do país, que a luz daquele período, sobre o comando do revolucionário Vladmir Lenin, passara a se chamar União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, também conhecida pela sigla URSS.
Vamos assim para nossa análise:
Percebemos que o símbolo é formado por dois instrumentos, uma foice e um martelo, que apresentam-se cruzados. Neste caso, a foice representa os trabalhadores rurais e/ou os camponeses, já o martelo nos remete a mão-de-obra operária. Esses dois instrumentos de trabalho que compõem o símbolo comunista estão carregados, ideologicamente falando, pois ambos representam o proletariado, ou seja, a classe trabalhadora. Os trabalhadores constituem a “classe revolucionária” segundo a doutrina comunista idealizada por Karl Marx e Friedrich Engels no século XIX. Para ambos, cabia ao trabalhador a responsabilidade de destruir o sistema capitalista, o que colocaria fim a propriedade privada dos meios de produção, esta segundo os dois teóricos, era a principal causa da desigualdade social.
Outro aspecto que nos chama atenção é o fato da foice e do martelo estarem cruzados, dando-nos a sensação de união, ou seja, numa sociedade aonde os meios de produção estão comumente distribuídos, os trabalhadores são apresentados como a base do sistema comunista. Eles são responsáveis pelo sucesso do mesmo.
Além da foice e do martelo interligados, é comum inserir ao símbolo, uma estrela de 5 pontas, também utilizada primeiramente pelos russos na bandeira soviética que se presentava da seguinte forma:


Bandeira da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), criada em 1923.

Essa estrela amarela de 5 pontas sobre um fundo vermelho (cor da revolução), representa os 5 continentes, numa alusão a ideologia de que era necessário estender a  revolução à outras nações, assim a União Soviética estaria fortalecida com relação as possíveis “investidas” do mundo capitalista. Também as 5 pontas representam os camponeses, os operários, o exército, os intelectuais e a juventude, os pilares capazes de bem manter a harmonia e a continuidade do sistema comunista.
Para finalizarmos, só a nível de curiosidade, deixo alguns brasões de países que aderiram ao comunismo ao longo da história.

Saudações históricas!