sábado, 30 de junho de 2012

A GANSA DA INDEPENDÊNCIA

Autor desconhecido. 1776. Coleção particular


Olá pessoal! É com imensa satisfação que retornamos às atividades do blog HISTÓRIA POR IMAGEM e para a nossa primeira postagem trago uma imagem relacionada ao processo de independência dos Estados Unidos.
A imagem é de autoria desconhecida, mas pelo ano de sua produção (1776) e pelo conteúdo expresso na mesma, podemos tranquilamente associá-la à crise vivenciada entre o Império Britânico e as suas treze colônias americanas. Além da autoria desconhecida, há ainda uma divergência quanto ao título dado para esta obra, uns a chamam de “O Ganso de Ouro”, outros de “A Gansa dos Ovos de Ouro”, particularmente prefiro o segundo título, já que a relação entre Gansa e Ovos é mais bem lógica. rsrsrs
Dessa forma, vamos a nossa análise:
Na parte direita da imagem vemos UM HOMEM COM UMA ESPADA EMPUNHADA, pronto para abater a gansa que está sobre a mesa. Pelos trajes do homem citado, percebemos que trata-se de um soldado (britânico). Ao redor da mesa e consequentemente da gansa, observa-se um grupo de homens, muito bem trajados, que assistem de forma “alheia” a tudo o que acontece.
Contextualizando a imagem com o evento histórico no qual a obra se refere, deduz-se que os HOMENS RETRATADOS SÃO BRITÂNICOS e pelas vestes que usam nos permite afirmar que  são integrantes da nobreza, ou seja, são na verdade ministros do governo britânico. Outro aspecto que merece nossa atenção é que a postura de assistir pode ser relacionada a omissão, ao descaso, à passividade, ou ainda, à desvalorização daquilo que está se perdendo. Para bem entendermos a mensagem que o autor procura passar é necessário conceber a GANSA como às treze colônias inglesas da América e o CESTO REPLETO DE OVOS, carregado por um dos ministros britânicos, que aliás o faz com um sorriso estampado no rosto, representa as riquezas que as colônias concediam ao Império Britânico. A riqueza citada não está expressa apenas no cesto repleto de ovos, repare na gordura (fartura) dos dois ministros que se colocam ao lado esquerdo da obra.
Saindo da cena principal, outros dois elementos da cena chamam nossa atenção. O primeiro deles é o quadro com um LEÃO ADORMECIDO (na parte superior – centro), repare que UM FEIXE DE LUZ vindo do alto recai sobre o leão que não expressa nenhum tipo de incomodo. O leão é o símbolo da Grã-Bretanha e é exatamente isto que ele representa no quadro, já o feixe de luz são as ideias liberais (iluministas) que são ignoradas pelo governo britânico quando o assunto é as treze colônias. O segundo aspecto seria o CACHORRO URINANDO SOBRE O MAPA DA AMÉRICA, o que conota uma condição de total descaso e/ou desdém dos britânicos para os colonos americanos e sua causa.
Se juntarmos todos os elementos da cena apresentados e analisados até aqui, poderemos chegar a conclusão que o autor faz uma crítica profunda ao governo britânico e até procura despertar a fúria dos colonos em relação a este mesmo governo. A crítica citada exprime a "estupidez" do governo do rei George III (Jorge III) que agindo de forma antiliberal, aperta ainda mais a exploração das colônias através da cobrança de impostos, interferindo de forma pesada nos rumos da economia colonial. Na verdade, a crítica mais acentuada fica no ato de matar aquilo que é rentável, lucrativo, ou seja, a gansa (as 13 colônias americanas) o que logicamente seria um ato insano, mas vale ainda ressaltar que agir dessa forma não era anormal, já que a função básica de toda e qualquer colônia é de enriquecer a sua metrópole. Neste caso, em especial, o arrocho da exploração por parte do governo britânico em relação aos colonos americanos foi a gota d’água para por um fim na então relação pacífica entre as treze colônias inglesas da América e a Grã Bretanha resultando num sangrento processo de independência.
Bom... Vamos ficando por aqui e até uma próxima postagem!
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Forte abraço e saudações históricas!